domingo, 22 de novembro de 2009

Agonia - Leonard Ravenhill




"Se somos fraco na oração, nós somos fracos em toda a parte."

"Homens dão conselhos; Deus dá orientações."

"As coisas pelas quais você está vivendo por são dignas de Cristo morrer por?”

"Um homem pecador pára de orar, um homem de oração pára de pecar"

"A única razão pela qual não temos avivamento é porque estamos dispostos a viver sem ele!"

"A oportunidade de uma vida deve ser apreendido dentro da vigência do oportunidade."


"Como você pode derrubar as fortalezas de Satanás, se você não tem nem a força para desligar a TV?"

"Muitos pastores me criticam por ter tomado o Evangelho tão a sério. Mas será que realmente pensam que no Dia do Julgamento, Cristo vai castigar-me, dizendo," Leonard, você me levou muito a sério'? “

"Quando há algo na Bíblia que as igrejas não gostam, eles o chamam de ‘legalismo’."
"Se Jesus tivesse pregado a mesma mensagem que os ministros de hoje pregam, ele nunca teria sido crucificado."

"A minha maior ambição na vida é estar na lista dos mais procurados do Diabo."

"Existe uma diferença entre mudar sua opinião, e mudar seu estilo de vida.”

"Um evangelista popular atinge suas emoções. Um verdadeiro profeta alcança sua consciência."

"Um verdadeiro pastor conduz o caminho. Ele não somente indica o caminho."

"Nenhum homem é maior do que sua vida de oração. O pastor que não está orando está brincando, as pessoas que não estão orando estão desviando. O púlpito pode ser uma vitrine para mostrar os talentos de uma pessoa; já o quarto de oração não permite nenhum exibicionismo.”

"Se eu perguntar se você esta noite está salvo? Você diz: ‘Sim, estou salvo'. Quando? ‘Oh, fulano de tal pregou, e eu fui batizado e... '
Você está salvo? Do que você está salvo? Do Inferno?
Você está salvo da amargura?
Você está salvo da luxúria?
Você está salvo da trapaça?
Você está salvo da mentira?
Você está salvo dos maus costumes?
Você está salvo da rebelião contra seus pais?
Vamos lá, do que você está salvo?”

"Algumas mulheres vão passar trinta minutos à uma hora se preparando externamente para a igreja (colocando maquiagem e roupas especiais, etc.). O que aconteceria se todos nós gastássemos a mesma quantidade de tempo nos preparando internamente para a igreja - com oração e meditação?"

"Todo mundo reconhece que Estevão era cheio do Espírito quando estava realizando maravilhas. Porém, ele era igualmente cheio do Espírito quando estava sendo apedrejado até a morte."

"Sua doutrina pode ser tão reta como uma arma - e tal qual vazia!"

"E não há espaço para ele na estalagem.
Ele ficou um pouco mais velho e não havia espaço na sua família. Sua família não creu nEle. Ele foi ao templo. Não havia nenhuma sala no templo. O templo ficou contra ele. E quando Ele morreu não havia espaço para enterrá-lo. Ele morreu fora da cidade.
Pois bem por que, em Nome de Deus, você espera de ser aceito em toda parte?
Como é que o mundo não pôde suportar o Homem mais santo que já viveu e pode suportar a você e em mim?
Será que estamos comprometidos? Será que estamos comprometidos?
Será que não temos estatura espiritual?
Será que nossa retidão não reflete sobre a corrupção deles?“

"Existem apenas dois tipos de pessoas: os mortos em pecado e os mortos para o pecado."

"Que bem faz falar em línguas no domingo, se você esteve usando sua língua durante a semana para amaldiçoar e fofocar?"

"Será que enviamos as nossas filhas ao largo para ter relações sexuais se isto iria beneficiar o nosso país? Contudo, enviamos os nossos filhos para matar quando pensamos que isto iria beneficiar o nosso país!"

"Se um cristão não está tendo tribulação do mundo, há algo errado!"

"Será que o mundo está crucificado para você esta noite? Ou será que ele o fascina?”

"Esse mundo lá fora não está esperando uma nova definição de Cristianismo, está esperando uma nova demonstração de Cristianismo.”

“A Igreja costumava ser um barco resgatando os que perecem. Agora, ela é um cruzeiro recrutando o promissor.”

"Você pode ter todas as suas doutrinas de forma correta, muito embora ainda não tenha a presença de Deus.”

"A questão não é se você foi desafiado. A questão é: ‘você foi transformado’?"


sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Leonard Ravenhill - O Trono de Julgamento de Cristo



Por que tarda o avivamento? A resposta é muito simples.

Tarda porque os pregadores e evangelistas estão mais preocupados com dinheiro, fama e aceitação pessoal, do que em levar os perdidos ao arrependimento.

Tarda porque nossos cultos evangelísticos parecem mais shows teatrais do que pregação do evangelho.

O avivamento tarda porque os evangelistas de hoje têm receio de falar contra as falsas religiões.
Elias zombou dos profetas de Baal, e debochou da sua incapacidade de fazer chover. Seria melhor que saíssemos à noite (como fez Gideão), e derrubássemos os postes-ídolos dos falsos deuses, do que deixar de realizar a vontade de Deus. As seitas anticristãs e as religiões ímpias desta nossa hora final constituem um insulto contra Deus. Será que ninguém fará soar o alarme? Por que não protestamos? Se tivéssemos metade da importância que julgamos ter e um décimo do poder que pensamos possuir, estaríamos recebendo um batismo de sangue, tanto quanto recebemos de água e fogo.
As portas das igrejas da Inglaterra se fecharam para João Wesley. E um de seus críticos disse que “ele e seus tolos pregadores leigos — esses grupos de funileiros, garis, carroceiros e limpadores de chaminés — estão saindo por aí a envenenar a mente das pessoas”. Que linguagem abusiva! Mas Wesley não tinha medo nem de homens nem de demônios. E se Whitefield era ridicularizado nas peças de teatro da Inglaterra da maneira mais vergonhosa possível, e se os cristãos do Novo Testamento foram apedrejados e sofreram todo tipo de ignomínia, por que será que nós, hoje em dia, não provocamos mais a ira do inferno, já que o pecado e os pecadores continuam sempre os mesmos? Por que será que somos tão gelados e enfadonhos? É bem verdade que pode haver muito tumulto sem avivamento. Mas, à luz do ensino bíblico e da história da igreja, não podemos ter avivamento sem tumulto.

O avivamento tarda porque não temos mais intensidade e fervor na oração. Há algum tempo, um famoso pregador, ao iniciar uma série de conferências, fez a seguinte declaração: “Vim para esta série de conferências com grande desejo de orar. Agora peço àqueles que gostariam de carregar junto comigo esse peso que ergam uma das mãos, e que ninguém seja hipócrita”. Um bom número de pessoas levantou a mão. Mas, lá pelo meio da semana, quando alguns resolveram promover uma vigília, o grande pregador foi dormir. Que hipocrisia!
Já não existe mais integridade. Tudo é superficial. O fator que mais retarda a vinda de um avivamento do Espírito Santo é essa ausência de angústia de alma. Em vez de buscarmos a propagação do reino de Deus, estamos fazendo mais propaganda. Que loucura! Quando Tiago (5.17) diz que Elias “orou”, estava acrescentando um valioso adendo à biografia dele registrada no Velho Testamento. Sem essa observação, ao lermos ali: “Elias profetizou”, concluiríamos que a oração não fez parte da vida dele.
Em nossas orações ainda não resistimos até o sangue; não mesmo. Como diz Lutero, “nem ao menos fizemos suar nossa alma”. Oramos com uma atitude tipo “o que vier está bom”. Deixamos tudo ao acaso. Nossas orações não nos custam nada. Nem mesmo demonstramos forte desejo de orar. Fica tudo na dependência de nossa disposição, e por isso oramos de forma intermitente e espasmódica.
A única força diante da qual Deus se rende é a oração. Escrevemos muito sobre o poder da oração, mas ao orar não temos aquele espírito de luta. Nós fazemos tudo: exibimos nossos dons espirituais ou naturais; expomos nossas opiniões, políticas ou religiosas; pregamos sermões ou escrevemos livros para corrigir desvios doutrinários. Mas quem quer orar e atacar as fortalezas do inferno? Quem irá resistir ao diabo? Quem quer privar-se de alimento, descanso e lazer, para que os infernos o vejam lutando, envergonhando os demônios, libertando os cativos, esvaziando o inferno, e sofrendo as dores de parto para deixar atrás de si uma fileira de pessoas lavadas pelo sangue de Cristo?

Em último lugar, o avivamento tarda porque roubamos a glória que pertence a Deus. Reflitamos um pouco sobre essas palavras de Jesus: “Eu não aceito glória que vem dos homens”. “Como podeis crer, vós os que aceitais glória uns dos outros, e contudo não procurais a glória que vem do Deus único?” (Jo 5.41,44.) Chega de toda essa autopromoção nos púlpitos. Chega de tanto exaltar “meu programa de rádio”, “minha igreja”, “meus livros”. Ah, que repulsiva demonstração carnal vemos nos púlpitos: “Hoje, temos o grande privilégio...” E os pregadores aceitam isso; não, eles já o esperam. (E se esquecem de que só estão ali pela graça de Deus.) E a vaidade é que, quando ouvimos tais homens pregar, notamos que nunca ficaríamos sabendo que eram tão importantes, se não tivessem sido apresentados como tal.
Coitado de Deus! Ele não está recebendo muita glória! Então, por que ele ainda não cumpriu sua terrível mas bendita ameaça de que iria vomitar-nos de sua boca? Nós fracassamos; estamos impuros. Apreciamos os louvores dos homens. Buscamos nossos próprios interesses. Ó Deus, liberta-nos dessa existência egoística, egocêntrica! Dá-nos a bênção do quebrantamento! O juízo deve começar por nós, pelos pregadores!

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Na Mira dos Caçadores de Almas


A igreja cristã contemporânea está enferma. Um vírus chamado “falso profetismo” infiltrou-se em seu organismo e o infectou. Acredito na possibilidade de tal contágio, porém, sem afetar os fundamentos. Deixe-me explicar:

Paulo, o apóstolo, diz que “ninguém pode pôr outro fundamento, além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo” (1 Co.3:11). Todas as denominações que professam sua fé em Cristo, têm n’Ele seu único e irremovível fundamento.
Por pior e mais letal que seja um vírus, ele é incapaz de afetar a composição genética do organismo. O DNA é o fundamento que não pode ser alterado.

Qualquer grupo religioso que confessar que Cristo é o Filho de Deus, vindo ao mundo para salvar a humanidade, pode ser reconhecido como genuinamente cristão.

O problema começa, não no fundamento, mas na edificação das paredes.

Embora o fundamento já esteja posto, “veja cada um como edifica sobre ele” (v.10b). Uns poderão levantar um edifício de ouro, outros de madeira, e outros até de palha.

Jamais poderemos culpar a Cristo pela cabeça de porco que alguns ministérios têm edificado sobre Ele. Porém, é mister que se diga que cada obra passará por uma avaliação. Não se vai avaliar a beleza das paredes, mas a sua durabilidade. Afinal de contas, o fruto que produzimos deve permanecer.

Madeira, palha e feno não servem porque são incapazes de resistir ao fogo. Ouro, prata e pedras preciosas são preferidos, não por serem mais apresentáveis, mas por serem resistentes ao tempo, às pressões, às altas temperaturas e à corrozão.

Quem resolve construir com materiais nobres, sabe que sua obra não ficará pronta da noite pro dia, porque tais materiais não são facilmente encontrados. Há que se garimpar, depurar, derreter e depois dar formato a eles.

Pra quem tem pressa, madeira, palha e feno são sempre abundantes, e podem ser encontrados em qualquer esquina.

Essa é a diferença entre edificar com a sabedoria do alto, e edificar a partir de estratégias humanas. O que precisamos não é de marketing, e sim da exposição do Evangelho de Deus que é poder de Deus para a salvação de todo o crê.

Mas logo surgem os falsos profetas, com suas insinuações, do tipo: Bem, se fosse do meu jeito, as coisas seriam diferentes; a igreja cresceria mais rapidamente; haveria mais recursos disponíveis.

O falso profeta se apresenta como um baluarte da eficiência. Para eles, o mais importante é atrair as pessoas, e para isso, apresentam sempre uma mensagem ao gosto do freguês.

Veja a denúncia feita por Ezequiel:


“A minha mão será contra os profetas que têm visões falsas e que adivinham mentira (...) Visto que, sim, visto que andam enganando o meu povo, dizendo: Paz, não havendo paz, e quando se edifica a parede, rebocam-na de argamassa fraca, portanto dize aos que a rebocam de argamassa fraca que ela cairá. Haverá uma chuva torrencial, e grandes pedras de saraiva cairão, e um vento tempestuoso a fenderá. Caindo a parede, não vos perguntarão: Onde está o reboco de que a rebocaste?” (Ez.13:9a, 10-12)

Nesta visão, os profetas eram responsáveis pela edificação das paredes. Ainda que se use material de primeira, se as paredes não forem devidamente emboçadas, fatalmente cairão.

É o emboço que dá firmeza à parede. Não basta que os tijolos estejam bem ajustados , rejuntados e no prumo. Eles têm que estar firmes.

Os profetas de Israel estavam usando argamassa fraca. Que argamassa era essa? O texto revela:


“Assim diz o Senhor Deus: Ai das que cosem pulseiras mágicas para todos os braços, e que fazem véus de diferentes comprimentos para suas cabeças, a fim de caçarem as almas! Caçareis as almas do meu povo mas preservareis as vossas próprias?” (v.18)

A argamassa usada pelos profetas de Israel era uma mistura de misticismo e legalismo, bem semelhante à que temos presenciado em nossos dias.

Porém hoje, o misticismo está mais variado, sofisticado e arrojado. Além de pulseiras mágicas, encontramos também outros pontos de contacto, como rosas ungidas, mantos, fogueiras santas, etc.

Os que tais coisas praticam se justificam dizendo que são estratégias para atrair as pessoas a Cristo. Em vez de pescadores de homens, tornaram-se caçadores de almas. O tipo de pesca usada por Cristo como analogia do trabalho de evangelização é a pesca com redes, que dispensa o uso de apetrechos, de iscas e anzóis. Caçadores usam armas e arapucas, pescadores de homens usam apenas redes. Basta lançar a Palavra da Verdade, e as almas virão, como aconteceu no dia de Pentescostes.

O misticismo é, sem dúvida alguma, a marca principal da igreja contemporânea. Mas além dele, também encontramos outro sintoma desta doença que é o ‘falso profetismo’. Trata-se do legalismo.

No texto de Ezequiel, lemos sobre profetizas que faziam véus de diferentes comprimentos para suas cabeças. Tais véus tinham como objetivo vender uma imagem de santidade. Tudo no afã de caçar as almas incautas.

A genuína santidade não tem nada a ver com o comprimento das saias, ou dos cabelos, ou com qualquer outra coisa ligada à aparência. A verdadeira santidade tem mais a ver com o comprimento da língua.

Tanto o misticismo quanto o legalismo aprisionam as pessoas. São rebocos feitos de argamassa fraca, que a qualquer momento apodrecerão, fazendo com que a parede se fragilize e se deteriore.

Depois que a parede cai, não adianta acusar o diabo ou a oposição. É o próprio Deus quem Se levanta contra tais profetas, para derrubar-lhes as paredes mal emboçadas.

Repare no que diz o texto:


“Portanto, assim diz o Senhor Deus: Aí vou eu contra as vossas pulseiras mágicas, com que vós ali caçais as almas como aves, e as arrancarei de vossos braços; soltarei as almas que vós caçais como aves. Rasgarei os vossos véus, e livrarei o meu povo das vossas mãos; nunca mais estará ao vosso alcance para ser caçado. Então sabereis que eu sou o Senhor” (vv.20-21).

Não importa o sucesso momentâneo que um ministério alcance, se estiver baseado na falsidade, na mentira, no roubo, na extorsão, na traição, a parede um dia virá a baixo. Deus mesmo a derribará.

O fundamento permanecerá intacto, e sobre ele, o próprio Deus reedificará.

Autor: Hermes C. Fernandes
Fonte: [ Blog do autor ]

segunda-feira, 21 de setembro de 2009


Charles H. Spurgeon

Trecho do sermão pregado na manhã do dia do Senhor
de 7 de outubro de 1888,
no Metropolitan Tabernacle, Newington, Inglaterra.

Os homens parecem nos dizer: "Não há qualquer utilidade em seguirmos o velho método, arrebatando um aqui e outro ali da grande multidão. Queremos um método mais eficaz. Esperar até que as pessoas sejam nascidas de novo e se tornem seguidores de Cristo é um processo demorado. Vamos abolir a separação que existe entre os regenerados e os não-regenerados. Venham à igreja, todos vocês, convertidos ou não-convertidos. Vocês têm bons desejos e boas resoluções: isto é suficiente; não se preocupem com mais nada. É verdade que vocês não crêem no evangelho, mas nós também não cremos nele. Se vocês crêem em alguma coisa, venham. Se vocês não crêem em nada, não se preocupem; a 'dúvida sincera' de vocês é muito melhor do que a fé".

Talvez o leitor diga: "Mas ninguém fala desta maneira".

É provável que eles não usem esta linguagem, porem este é o verdadeiro significado do cristianismo de nossos dias. Esta é a tendência de nossa época. Posso justificar a afirmação abrangente que acabei de fazer, utilizando a atitude de certos pastores que estão traindo astuciosamente nosso sagrado evangelho sob o pretexto de adaptá-lo a esta época progressista.

O novo método consiste em incorporar o mundo à igreja e, deste modo, incluir grandes áreas em seus limites. Por meio de apresentações dramatizadas, os pastores fazem com que as casas de oração se assemelhem a teatros; transformam o culto em shows musicais e os sermões, em arengas políticas ou ensaios filosóficos. Na verdade, eles transformam o templo em teatro e os servos de Deus, em atores cujo objetivo é entreter os homens. Não é verdade que o Dia do Senhor está se tornando, cada vez mais, um dia de recreação e de ociosidade; e a Casa do Senhor, um templo pagão cheio de ídolos ou um clube social onde existe mais entusiasmo por divertimento do que o zelo de Deus?

Ai de mim! Os limites estão destruídos, e as paredes, arrasadas; e para muitas pessoas não existe igreja nenhuma, exceto aquela que é uma parte do mundo; e nenhum Deus, exceto aquela força desconhecida por meio da qual operam as forças da natureza. Não me demorarei mais falando a respeito desta proposta tão deplorável.

***
Fontes:
Vi tradução em Palavra Prudente
Vi a integra do sermão em inglês e os créditos e data em Spurgeon.org
Via: [ Genizah ]

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

E-mail para o Apóstolo Paulo






Amado
apóstolo:

Estou escrevendo para colocá-lo a par da situação do Evangelho que um dia você ajudou a propagar para nós gentios, e que lhe custou a própria vida. As coisas estão muito difíceis por aqui. Quase tudo o que você escreveu foi esquecido ou deturpado.

Você foi bastante claro ao despedir-se dos irmãos em Éfeso, alertando que depois de sua partida lobos vorazes penetrariam em meio à igreja, e não poupariam o rebanho [1]. Palavras de fato inspiradas, pois isso se concretiza a cada dia.

Lembra-se que você escreveu ao jovem Timóteo, que o amor ao dinheiro era a “raiz de todos os males”[2]? Quero que saiba que suas palavras foram invertidas, e agora se prega que o dinheiro é a “solução” de todos os males.

Também é com tristeza que lhe digo que em nossa época ninguém mais quer ser chamado de pastor, missionário ou evangelista, pois isso é por demais humilde: um bom número almeja levar o título de apóstolo. Sei que em seu tempo, os apóstolos eram “fracos... desprezíveis... espetáculo para os homens... loucos... sem morada certa... injuriados... lixo e escória” [3]. Agora é bem diferente. Trata-se de uma honraria muito grande: acercam-se de serviçais que lhes admiram, quando viajam exigem as melhores hospedarias e são recebidos nos palácios dos governantes.

Eles não costumam pregar seus textos, pois você fala muito da “Graça” e da “liberdade que temos em Cristo” [4]. Isso não soa bem hoje, pois a Igreja voltou à “teologia da retribuição” da Antiga Aliança (só recebe quem merece), e liberdade é a última coisa que os pastores querem pregar à suas ovelhas.

Você não é bem visto por aqui, pois sempre foi muito humano, sem jamais esconder suas fraquezas: chegou até reconhecer contradições internas e que não faz o bem que prefere, mas o mal, esse faz [5]. Eles não gostam disso, pois sempre se apresentam inabaláveis e sem espinhos na carne como você. A presença deles é forte, a sua fraca [6], eles são saudáveis, você sofria de alguma coisa nos olhos [7], eles jamais recomendariam a um irmão tomar remédio, como você fez com Timóteo [8], mas aqui eles oram e determinam a cura – coisa que você nunca fez.

Você dizia que por amor a Cristo perdeu “todas as cousas” considerando-as refugo [9]. As coisas mudaram, irmão. Agora cantamos: “Restitui, quero de volta o que é meu!”.

Vivo em uma cidade que recebeu o seu nome, e aqui há um apóstolo que após as pregações distribui lencinhos vermelhos encharcados de suor, e as pessoas levam pra casa, como fizeram em Éfeso, imaginando que afastarão enfermidades [10]. Sim, eu sei que você nunca ordenou isso, nem colocou como doutrina para a igreja nas epístolas, mas sabe como é o povo....

Admiro sua coragem por ter expulsado um “espírito adivinhador” daquela jovem [11], embora isso tenha lhe custado a prisão e açoites. Você não se deixou enganar só porque ela acertava o prognóstico. Hoje há uma profusão de pitonisas e prognosticadores no meio do povo de Deus, todavia esses espíritos não são mais expulsos, ao contrário, nos reunimos ansiosos para ouvir o que eles têm a dizer para nós.

Gostaria de ter conhecido os irmãos bereanos que você elogiou. Infelizmente, quase não existem mais igrejas como as de Beréia, que recebam a palavra com avidez e examinem as Escrituras “todos os dias para ver se as coisas são de fato assim”[12].

Tem hora que a gente desanima e se sente fragilizado como Timóteo, o seu companheiro de lutas. Mas que coisa bonita foi quando você o reanimou insistindo para que reavivasse “o dom de Deus” que havia nele [13]. Estou lhe confessando isso, pois atualmente 90% dos pregadores oferecem uma “nova unção” para quem fraqueja. Amo esta sua exortação, pois você ensina que dentro de nós já existe o poder do Espírito, e não precisamos buscar nada fora ou nada novo!

Nossos cultos não são mais como em sua época, onde a igreja se reunia na casa de um irmão, havia comunhão, orações, e a palavra explanada era o prato principal.... as coisas mudaram: culto agora é chamado de “show”, a fumaça não é mais da nuvem gloriosa da presença de Deus, mas do gelo seco, e a palavra é só para ensinar como conseguir mais coisas do céu.

O Espírito lhe revelou que nos últimos tempos alguns apostatariam da fé “por obedecerem a espíritos enganadores” [14]. Essa profecia já está se cumprindo cabalmente, e creio que de forma irreversível.

Amado apóstolo, sinto ter lhe incomodado em seu merecido descanso eternal, mas eu precisava desabafar. Um dia estaremos todos juntos reunidos com a verdadeira Igreja de Cristo.


Maranata!

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Qual é a sua Motivação ??


O que me faz ir à igreja?

Qual dessas opções a pós-modernização gospel motiva os muitos crentes nominais de hoje?

Cultos para Deus? Dogmas Evangélicos




Analizar com a lógica humana, parece até muito bonito e correto. Mas, analizar no espiritual, e com coerência, o intenso desejo de produzir eventos em tamanha dimensão, que ocupe todo o tempo da platéia, resulta na invenção de dogmas que prejudicam a fé dos que sentem, fome e sede de justiça.

Culto da Prosperidade ou Restituição: O que reconhece Jesus Cristo como o Filho de Deus, e se arrepende de seus pecados, recebe prosperidade em sua vida. Pois, recebe o título de Filho de Deus, bem como co-herdeiro pela misericórdia. E não como se ensina em qualquer esquina.

A Bíblia diz em Provérbios 1:32: Porque o desvio dos simples os matará, e a prosperidade dos loucos os destruirá.

Culto de Libertação: O que reconhece a Jesus Cristo como Filho de Deus, e se arrepende de seus pecados, ganhará a sua liberdade imediata, conforme o salteador ao lado de Jesus Cristo, na cruz do calvário, quando alí mesmo, recebeu a informação que estaria com Ele, Jesus Cristo, no paraíso, e naquele mesmo dia.

Se o salteador continuasse vivo, teria como qualquer um o desafio de, a cada dia, ser fiel, e fiel até a morte. Uma vez salvo, salvo para sempre? Sem ser fiel? Grande mentira, provocada, por quem gosta de viver sempre com a possibilidade de não negar-se a sí mesmo a cada dia. Fácil, ser crente, para muitos que querem viver do hoje, em “prosperidade”.

Para quem não morre imediatamente ao reconhecer “de todo o coração, a Jesus Cristo como Salvador”, existe o aprendizado natural junto à Igreja, para que se apodere do conhecimento, e seja fiel até a morte.

Aquêle que for limpo, limpe-se mais, e o que for sujo, suje-se mais. Sê fiel. Sê fiel. Sê fiel.

Culto da Vitória: um dos dogmas mais fortes no atual momento, é o “Culto da Vitória”. Muitos participam na boa intenção, ou no desejo de atingirem as vitórias materiais, já prometidas pela Palavra de Deus. Imaginam que, somente as conseguirão, conforme o seu próprio desejo nas chamadas, (5)cinco, (7)sete, (10)dez ou quem sabe (12)doze semanas da vitória.

Você não precisa, separar quantidades de dias para receber ou trocar por Bençãos de Deus. Mas, sim, precisamos, estar atentos a cada dia para agradecer e pedir o principal: Poder e renovação espiritual para a sua vida, para a minha vida e para toda a igreja. Vivemos na época da Graça. E já possuímos a vitória em nossas mãos, basta acreditar, esperar e ser fiel. Isto precisa ser ensinado com firmeza.

Um automóvel novo, uma casa nova, um bom emprego ou dinheiro na poupança o deixará feliz? Feliz? Até quando? Até o momento da angústia em querer mais e mais, e o desejo por novidades. O seu espírito sente, de verdade, a falta do alimento real? A palavra de Deus. Simples e eficaz é o alimento Real.

A Bíblia diz em Eclesiastes 1:2-3: Vaidade de vaidades! Diz o pregador, vaidade de vaidades! É tudo vaidade.

Que vantagem tem o homem, de todo o seu trabalho, que ele faz debaixo do sol?

Muitos informam que você deve orar e pedir: A marca do automóvel, o modelo, a cor, o ano etc. Mentira! Deus dá a você a condição para escolher. Você não precisa pedir, e sim agradecer a cada dia por sua vida. Ele têm cuidado de
nós.

É muito fácil responder a esta pergunta. Vamos tentar? Nos cultos especiais de pedidos de oração, normalmente se pede pelo espiritual ou pelo material? Fácil. A resposta já está na ponta da sua língua. Muito fácil. O pedido material é o mais desejado.

A bíblia diz em Mateus 6:25-26: Por isso vos digo: Não andeis cuidadosos quanto a vossa vida, pelo que haveis de comer ou pelo que haveis de beber; nem, quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o mantimento, e o corpo mais do que o vestido?

Olhai para as aves dos céus, que nem semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não tendes vós muito mais valor do que elas?

A Bíblia diz em Romanos 8:37: Mas em todas estas coisas somos mais do que vencedores, por aquele que nos amou.

A Bíblia nos diz em João. 4: 23, 24: Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores, adorarão o Pai em espítiro e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem.

A Bíblia diz em João 8:32: E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.

Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade.

Vamos parar com o sensacionalismo?

Atos proféticos x Misticísmo = O "esoterismo evangélico"




Acessei outro dia o portal de uma igreja declaradamente esotérica. Lá é esoterismo puro! Pior, no entanto, são igrejas evangélicas com práticas esotéricas. E não apenas entre os pentecostais.
O que é um esotérico? É a pessoa que busca interpretar o sentido oculto das coisas, especialmente a interpretação que liga as coisas naturais com o sobrenatural. Neste sentido, parece haver um pouco de esoterismo no meio evangélico que atribui poderes a certos elementos da natureza. Práticas esotéricas são quando se atribui poder sobrenatural a certos elementos como a água, o óleo e o sal grosso. Neste sentido, como existem igrejas esotéricas!
É possível um verdadeiro crente trilhar os passos do esoterismo de maneira inconsciente, já que alguns dos elementos naturais que fazem parte da fé podem ser mal-interpretados e mal-empregados na vida do cristão. Especialmente porque o mundo espiritual – tudo que há no âmbito da mística ou da fé – sejam semelhantes entre si. Assim, concede-se poder a um copo de água deixado sobre o rádio ou a tevê; ao óleo consagrado na sexta-feira santa e até mesmo aos elementos da ceia, como o pão e o vinho. Como diferenciar entre uma coisa esotérica que é mística e transcendental, de outra que não é esotérica, mas que também é mística e transcendental? Pois o mundo espiritual é místico e o entendimento do que é espiritual transcende a esfera da razão e do intelecto.
A primeira coisa é entender a palavra de Deus com o entendimento da razão e com o entendimento da fé. Quando se busca entender o mundo espiritual apelando-se apenas para a razão, ou buscando-se entender a Bíblia com o intelecto, a pessoa nada entenderá. É preciso fé para entendê-la. Resulta que os dois campos, o da mística e o da razão precisam andar lado a lado na compreensão das coisas espirituais. Quando se caminha apenas na trilha da fé, tende-se a ser místico, evoluindo de tal maneira na transcendentalidade a ponto de perder o verdadeiro sentido da palavra de Deus. E quando se caminha apenas pelo intelecto, perde-se o seu sentido místico e transcendental. Razão e fé caminham juntas na vida cristão, sem, no entanto levar o crente a ser um esotérico.
Quando se vive apenas no campo do intelecto e do pragmatismo perde-se a essência da fé; e quando se anda apenas no campo da fé da mística, perde-se a essência da razão. É esta falta de entendimento que leva muitos crentes, por exemplo, a acharem que Deus só se manifesta de uma maneira; e que o tipo de culto que prestam a Deus é o mais correto e bíblico. Para entender melhor o tema, será preciso conduzir o leitor a refletir sobre algumas questões bíblicas, especialmente na área da fé e da razão, da mística e da palavra de Deus.
O leitor deve analisar o tema fazendo-se a seguinte pergunta: como Deus se manifestou aos pais no passado? É uma pergunta inteligente, mas sua resposta plena depende da fé. Já nesta pergunta os dois elementos, fé e razão encontram-se presentes.
Atos proféticos.
Os evangélicos partem para o esoterismo quando, a partir de casos bíblicos em que certos elementos são usados, passam a usá-los como se fossem práticas normais. Já ouvi alguém afirmar que os elementos místicos que alguns usam em religiões de ocultismo pertencem a igreja e que estão sendo usadas por eles, roubadas que foram de nós. Assim, despejar sal grosso numa esquina, não deveria ser direito deles, mas da igreja. Ungir com óleo uma rua, cidade ou país é direito da igreja que foi roubado por eles. Usar certos elementos para “ponto de contato” é direito da igreja e não do ocultismo. Em que baseiam essas suposições? Em algumas experiências do passado, especialmente do AT. Uma rosa “ungida”, um copo de água, óleo especial “ungido” e até incenso são elementos que voltaram a fazer parte de alguns grupos pentecostais. Os pentecostais clássicos – entre os quais me incluo – costumam criticar estas práticas, esquecendo que também, por vezes, concedemos poder a certos elementos como óleo e o pão e o vinho da ceia. Sim, porque queimam ou enterram o que sobra dos elementos da ceia depois de consagrados. Conceder poderes especiais ao pão e ao vinho é também uma prática esotérica.
Por haver no AT testamento uma orientação sobre os ingredientes do óleo da unção e do incenso, alguns crentes passaram a crer que o verdadeiro óleo da unção tem de ser de oliva e, se possível, importado de Israel, como se dele emanasse ainda mais poder. Mas, convém afirmar que esses elementos, especialmente o óleo são apenas figuras ou sombras da verdadeira unção. Assim, quando se unge com óleo o poder não está no óleo, mas no Nome de Jesus e na ação do Espírito Santo. Serve, portanto, qualquer óleo. Alguns irmãos trazem água do rio Jordão quando vão a Israel, como se aquela água tivesse em si mesma algum poder. As águas do Jordão estão tão poluídas como qualquer ribeiro da periferia da minha cidade.
Os elementos usados no AT eram sombras do que haveria de vir. O óleo, fala da presença do Espírito Santo. O sal, usado nos sacrifícios, do crente como sacrifício agradável e sal da terra. Os elementos do templo apontavam para a pessoa de Cristo e da igreja. Assim, o candelabro é uma figura da igreja, alumiando. Hoje não há necessidade de se usar esses elementos que eram sobras, porque os tiveram seu cumprimento em Cristo e na igreja. Muitos, no entanto, acreditam no poder do sal, do óleo e da água, elementos que apontavam para o futuro.
Vejamos a questão do sal: “Toda oferta dos teus manjares temperarás com sal; à tua oferta de manjares não deixarás faltar o sal da aliança do teu Deus; em todas as tuas ofertas aplicarás sal” (Lv 3.1). Como cessaram as ofertas e sacrifícios, pois Cristo é o sacrifício perfeito, por que usar o sal como fazem alguns grupos neopentecostais? Este sal colocado na oferta falava de quê?
O comentarista Mathew Henry anos atrás já falava sobre a questão dos sacrifícios. Ele diz:
O sal deveria ser colocado em todas as ofertas. Deus, portanto, exige deles que o sacrifício deveria ter sabor. Todo culto deve ser temperado com a graça. O cristianismo é o sal da terra. Óleo e incenso fazem parte dos sacrifícios. Sabedoria e humildade amolecem e adoçam os espíritos. O incenso fala da mediação e intercessão de Cristo através do qual nosso culto se torna aceitável diante de Deus.
Ora, não se faz necessário aqui provar que os elementos presentes no tabernáculo prefiguravam a obra de Cristo, do Espírito Santo e a igreja, tema implícito nas cartas paulinas. No entanto, apesar de tudo haver se cumprido em Cristo, como afirma o escritor aos hebreus, ainda assim a igreja se deixa judaizar trazendo para o culto os mesmos elementos, como pão sem fermento, o candelabro, faltando, obviamente o incenso, que algumas igrejas trazem para o culto sem problema algum. Cristo é nosso pão sem fermento; o Espírito Santo é o óleo e todos os elementos têm alguma relação com a igreja, a palavra de Deus e a obra de Cristo. Ora, como Cristo é a plenitude de todas as coisas, então não haverá necessidade de se apegar a esses elementos no culto a Deus.
Vejamos, então, alguns exemplos bíblicos de atos proféticos. Estes eram acontecimentos ou realizações em forma de eventos e não como regras ou institucionalização.
Vejamos alguns casos da Bíblia que não podem ser tomados como regras de fé.
1. O manto de Elias. Com ele, Elias dividiu as águas do Jordão. Eliseu, depois que Elias foi arrebatado, tomou o mesmo manto e abriu também as águas do Jordão. O poder não estava no manto, mas no Deus Todo-Poderoso. “Onde está o Senhor, Deus de Elias?”, perguntou Eliseu (2 Rs 2.14). Nas outras vezes em que Eliseu precisou atravessar o Jordão não usou do manto para abri-lo de novo. Eliseu precisava de uma manifestação do poder de Deus para ser aceito pelos demais profetas. Onde os crentes se tornam esotéricos? Quando acham que o poder está no manto ou no paletó de um servo de Deus, numa peça de roupa, etc.
2. Eliseu e as águas de Jericó. Interessante como os líderes esotéricos de hoje na igreja não usam “vasilhas” novas como fazem os da religião afro em seus rituais. Porque Eliseu, ao orar pelas águas de Jericó que eram estéreis usou uma vasilha nova: “Os homens da cidade disseram a Eliseu: Eis que é bem situada esta cidade, como vê o meu senhor, porém as águas são más, e a terra é estéril. Ele disse: Trazei-me um prato novo e ponde nele sal. E lho trouxeram. Então, saiu ele ao manancial das águas e deitou sal nele; e disse: Assim diz o SENHOR: Tornei saudáveis estas águas; já não procederá daí morte nem esterilidade. Ficaram, pois, saudáveis aquelas águas, até ao dia de hoje, segundo a palavra que Eliseu tinha dito” (2 Rs 2.20-22). Ora, o sal e a vasilha nova foram apenas componentes de um ato profético, o poder, de fato, estava em Deus que Eliseu invocou. “Assim diz o Senhor”. Foram as palavras do Senhor que tornaram as águas saudáveis e a terra fértil e não o sal e a vasilha nova. Sim, porque noutra ocasião o sal foi usado para deixar a terra estéril. Eis o contraste (Jz 9.45 e Sf 2.9). “Obviamente que as águas não foram curadas pelo poder do sal”, afirmam os comentaristas, “como se o sal em si mesmo tivesse poder para curar um ribeiro de águas. Foi um ato simbólico que acompanhou a declaração da palavra do Senhor, por isso as águas ficaram boas” (Brown Commentary). O prato novo e o sal falam da consagração das vidas e do “sal da terra” que tornam saudáveis a terra onde o crente vive. Um contraste, porque o sal deixa a água com gosto horrível.
Noutro episódio, quando os discípulos colocaram na sopa que preparavam ramos de uma trepadeira venenosa, Eliseu usou farinha. Por que não usou sal? Nem óleo? Porque o poder da cura está em Deus e não nos elementos. Interessante como ninguém joga farinha no ar nos cultos esotéricos de algumas igrejas. (Ver 2 Rs 4.38-41).
3. Moisés e o tronco de árvore lançado nas águas de Mara. “Afinal, chegaram a Mara; todavia, não puderam beber as águas de Mara, porque eram amargas; por isso, chamou-se-lhe Mara. E o povo murmurou contra Moisés, dizendo: Que havemos de beber? Então, Moisés clamou ao SENHOR, e o SENHOR lhe mostrou uma árvore; lançou-a Moisés nas águas, e as águas se tornaram doces” (Ex 15.23-25). Novamente aqui foi o Senhor quem ordena a Moisés que jogasse certo tronco de árvore nas águas, não que a árvore tivesse em si o potencial de cura, e sim o Senhor. A árvore aponta profeticamente para a cruz de Cristo. Se isto fosse regra – isto é, usar galhos de árvores para curar águas – Eliseu teria seguido o exemplo de Moisés usando uma árvore para tornar potável as águas de Jericó. No entanto, lá ele usou sal.
Moisés, em duas ocasiões bateu com a vara na Rocha. Na vez primeira, Deus ordenou que batesse na rocha, mas da segunda vez, bastava falar à rocha e ela daria água. Acostumado a bater com seu cajado – batera com ele no Egito trazendo pragas, batera nas águas do mar Vermelho e na rocha – Moisés repetiu a cena, mas foi advertido por Deus e perdeu o direito de entrar na Terra Prometida (Compare Êxodo 17.1-7 c/ Números 20.2-13). A simbologia aqui é clara: a primeira vez que feriu a rocha, era uma simbologia da Rocha, ferida na cruz; da segunda vez, bastava apenas falar. Por isso, no cântico que Deus escreveu para o povo em Deuteronômio 32 várias vezes Deus se refere a Rocha (Dt 32.4, 15, 18, 30, 31).
Foi assim com a serpente levantada no deserto. Quem para ela olhasse era curado das picadas venenosas das serpentes. Devido ao pecado do povo serpentes invadiram o acampamento trazendo dor e morte entre o povo. E o Senhor ordenou a Moisés que fizesse uma serpente de bronze, colocasse-a num lugar alto e todo o que era mordido pelas serpentes olhava para a serpente de bronze e era curado (Nm 21.4-9). Era uma figura da obra expiatória de Cristo, fato citado pelo próprio Jesus em João 3.14: “E do modo porque Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do Homem seja levantado, para que todo o que nele crê tenha a vida eterna”.
Mas, a inclinação esotérica do povo levou-o a guardar a serpente – que não mais servia para curar enfermidades – e a adorá-la como se fosse um deus. Até os dias de Ezequias a serpente era usada como objeto de adoração pelo povo de Israel. Ezequias “Removeu os altos, quebrou as colunas e deitou abaixo o poste-ídolo; e fez em pedaços a serpente de bronze que Moisés fizera, porque até àquele dia os filhos de Israel lhe queimavam incenso e lhe chamavam Neustã” (2 Rs 18.4). Imagine, quase 835 anos depois a serpente que Moisés levantara estava sendo adorada pelo povo como sendo um deus de bronze.
É comum que pessoas se agarrem a objetos como forma de adoração. Por isso, até hoje a cruz é adorada em vez de ser adorado aquele que nela morreu. Sabemos de irmãos que acham que, batizando-se nas águas do rio Jordão a salvação tem outro sentido. Que o óleo feito em Israel tem mais efeito; que as águas do Jordão são ainda purificadoras. E dão valor esotérico aos elementos da ceia, como se o pão e o vinho adquirissem valor maior depois de consagrados.
Por que os evangélicos e os pentecostais não queimam mais incenso em suas casas nem nos cultos a Deus? Porque entenderam que o incenso queimado no AT era sombra da oração do povo a Deus. Isto é explicado no texto de Apocalipse 8.1-5.
4. Jesus usou lodo e saliva, mas o poder não estava nem no lodo nem na saliva, mas nele mesmo! Se fosse esotérico, cuspir no chão e fazer lodo seria uma prática que os discípulos perpetuariam em seu serviço a Deus.
5. Paulo, o apóstolo enviava seus objetos pessoais que eram colocados sobre as pessoas enfermas e elas eram curadas. Por que fazia isto? Por duas razões: as pessoas não conseguiam chegar até onde ele estava e ele não conseguia ir onde elas se encontravam. Hoje as pessoas não vão aos cultos e enviam seus objetos pessoais para receberem oração, diferentemente de Paulo que usava lenços de uso pessoal. “E Deus, pelas mãos de Paulo, fazia milagres extraordinários, a ponto de levarem aos enfermos lenços e aventais do seu uso pessoal, diante dos quais as enfermidades fugiam das suas vítimas, e os espíritos malignos se retiravam” (At 19.11-12). Em momento algum Paulo fez disto uma regra para curar enfermos e expulsar os demônios. Ao contrário, várias vezes se deparou diante da impotência de curar a enfermidade de seus trabalhadores mais chegados, como Timóteo e Trófimo. Quantas vezes deve ter orado por Timóteo para que este ficasse livre de sua enfermidade e Timóteo não foi curado? Apelou, portanto, para a medicina e o recomendou tomar vinho para as constantes enfermidades do estômago. “Não continues a beber somente água; usa um pouco de vinho, por causa do teu estômago e das tuas freqüentes enfermidades” (1 Tm 5.23).
E por que não curou a Trófimo se em Éfeso bastava enviar seus lenços pessoais e as pessoas eram curadas? Porque Paulo não era esotérico e não atribuía poderes aos seus objetos pessoais e sim a Deus. No entanto, viu-se impotente de curar seu companheiro de Jornada ministerial. “Quanto a Trófimo, deixei-o doente em Mileto” (2 Tm 4.20).
A crendice de que os elementos têm poder parece fazer parte da vida dos pagãos, pois o comandante Naamã logo que foi curado de sua lepra decidiu levar sacos de terra de Israel para a Síria para com ela construir um altar de adoração ao Deus de Israel.
Não se vê, no entanto, em qualquer outra parte da Bíblia que leprosos sejam orientados a mergulhar no Jordão sete vezes. Se isto fosse uma prática esotérica Jesus teria orientado os leprosos a mergulharem no Jordão. Mas não o fez. O Senhor Jesus não nos legou quaisquer ensinamentos neste sentido.
Não se vê no Novo Testamento os apóstolos incentivando os irmãos a usarem elementos para sua cura e recebimento de poder, porque o poder não era deles, mas de Deus. O próprio Paulo vivia constantemente enfermo, a ponto de ter de parar na Galácia devido a uma enfermidade. “E vós sabeis que vos preguei o evangelho a primeira vez por causa de uma enfermidade física. E, posto que a minha enfermidade na carne vos foi uma tentação, contudo, não me revelastes desprezo nem desgosto; antes, me recebestes como anjo de Deus, como o próprio Cristo Jesus” (Gl 4.13-14). Paulo pregou o evangelho e, certamente curou os gálatas enfermos, quando ele mesmo não conseguia ser curado de sua enfermidade. Não é isto um mistério? E por que não usou de lenços, de óleo, água e de outros elementos? Porque Paulo não era esotérico; dependia unicamente do poder de Deus e não dos poderes de elementos curadores.
Se houvesse poder nos elementos haveria cura para todos; mas o poder é de Deus e ele decide sobre cada pessoa, se deve ou não ser curada. É da misericórdia dele que dependemos. Alguns acreditam que a epístola aos Romanos foi ditada por Paulo a Tércio, porque Paulo estava quase cego (Rm 16.22). “Vede com que letras grandes vos escrevi de meu próprio punho” (Gl 6.11). Que sua enfermidade era nos olhos fica claro no texto: “Pois vos dou testemunho de que, se possível fora, teríeis arrancado os próprios olhos para mos dar” (Gl 4.15).
Paulo não diz como Epafrodito foi curado de uma enfermidade mortal, mas atesta a cura de seu discípulo: “Com efeito, adoeceu mortalmente; Deus, porém, se compadeceu dele e não somente dele, mas também de mim, para que eu não tivesse tristeza sobre tristeza. Por isso, tanto mais me apresso em mandá-lo, para que, vendo-o novamente, vos alegreis, e eu tenha menos tristeza” (Fp 2.27-28). Epafrodito adoeceu e ficou às portas da morte, e foi curado; diferentemente de Paulo que sofria de uma enfermidade nos olhos e não era curado.
O crente esotérico é aquele que coloca um copo de água sobre o rádio ou sobre a televisão esperando ser curado; a pessoa quando é curada, não deve pensar que foi devido a energia da água, mas ao poder de Deus. Alguns defendem o uso destes elementos por acharem que estes operam como estimuladores da fé das pessoas. Para que incentivar as pessoas a crerem nos elementos, desviando a atenção delas do poder de Deus? Agem da mesma maneira daquelas pessoas que oram a Deus, prostradas diante de uma imagem esperando uma graça. Alcançam-na e atribuem o feito ao poder do santo, esquecendo-se, que, muitas vezes a cura não foi alcançada pela mediação do “santo”, ms pela misericórdia de Deus. Além de que, esta é uma prática que pode induzir a operação do erro permitindo que espíritos enganadores levem a pessoa a crer no milagre do “santo” ou do “elemento”, desviando as pessoas da verdadeira adoração a Deus.
Deus deixou uma orientação clara no AT a este respeito em Deuteronômio 13. “Quando profeta ou sonhador se levantar no meio de ti e te anunciar um sinal ou prodígio, e suceder o tal sinal ou prodígio de que te houver falado, e disser: Vamos após outros deuses, que não conheceste, e sirvamo-los, não ouvirás as palavras desse profeta ou sonhador; porquanto o SENHOR, vosso Deus, vos prova, para saber se amais o SENHOR, vosso Deus, de todo o vosso coração e de toda a vossa alma” (Dt 13.1-3). Este texto não está falando do falso profeta, mas do profeta verdadeiro, porque ele anuncia um milagre e este acontece. Portanto, ele não é falso. Ele é verdadeiro. Quando é que se torna falso? Quando usa do milagre para induzir as pessoas a seguirem outros deuses. Ele passa a atribuir o milagre a uma santa ou santo; a coisas qualquer. Mas o milagre aconteceu, e foi dado por Deus, portanto, a glória deveria ser dada a Deus. Mas ele desvia as pessoas de Deus para outras coisas. Deus não está dizendo que não devem olhar para os milagres que o profeta realiza, mas que o povo não deve ouvir as palavras do profeta quando estas induzirem as pessoas a se rebelarem contra Deus.
Noutra parte de Deuteronômio Deus fala do profeta falso, isto é, daquele que anuncia um milagre e este não acontece. “Se disseres no teu coração: Como conhecerei a palavra que o SENHOR não falou? Sabe que, quando esse profeta falar em nome do SENHOR, e a palavra dele se não cumprir, nem suceder, como profetizou, esta é palavra que o SENHOR não disse; com soberba, a falou o tal profeta; não tenhas temor dele” (Dt 18.21-22).
Assim, pode-se entender que o profeta é falso quando duas coisas ocorrem: O milagre acontece e ele leva as pessoas a crer que o milagre aconteceu por força e graça da santa ou do santo; do óleo santo ou da água ungida, e quando anuncia um milagre em nome do Senhor e nada acontece! Agora, quando ele anuncia o milagre, e este acontece, e a glória é dada a Jesus Cristo, ele é verdadeiramente um profeta de Deus.
Felizmente o Espírito Santo não deixou nenhum modelo de adoração e nenhum objeto a ser adorado, para que a tendência humana de crer em elementos e em objetos não supere o valor da verdadeira adoração e da vida cristã que é feita em espírito e em verdade.
A palavra de Deus serve de equilíbrio da fé e da verdade. Como as pessoas têm a tendência de cair para o lado místico, Deus nos deixou a palavra para nos puxar para o centro. Ocorre o mesmo com as pessoas que desprezam o místico e se apegam à rigidez da letra; o Espírito Santo precisa puxá-los para a mística para que depois encontrem o equilíbrio certo, no centro.
Conclusão:
Até que ponto pode-se utilizar elementos e objetos sem que se caia no esoterismo? Os discípulos perpetuaram a unção com óleo – sem especificar o tipo de óleo – orientando os presbíteros a ungir os enfermos com óleo em Nome do Senhor. “Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e estes façam oração sobre ele, ungindo-o com óleo em nome do Senhor” (Tg 5.14). Em nenhum momento Tiago atribui poder ao óleo, mas ao poder do Senhor, quando afirmou: “E oração da fé salvará o enfermo e o Senhor o levantará; e, se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados” (v 15). Ainda que a questão da unção com óleo no NT seja um ensinamento obscuro, pois somente Tiago fala do tema, sabe-se que ele ungia os enfermos com óleo, do contrário não recomendaria tal prática aos presbíteros de Jerusalém.
Assim, é possível ungir enfermos ou usar do óleo para consagrar uma casa ou objetos sem incorrer no esoterismo, usando-o como figura profética da ação do Espírito Santo. Fazer disto uma regra é errado. Se houver uma palavra ou orientação do Senhor que se unja com óleo uma casa deve-se fazê-lo, sem fazer da prática um método infalível, pois é possível usar o óleo em outras ocasiões sem que nada se realize. Pode não haver cura nem consagração.
O esoterismo é quando o uso dos elementos torna-se uma prática dando-se a eles poderes que não possuem. O poder sempre é de Deus.
Algum tempo atrás obedecendo a uma palavra de um líder pentecostal latino-americano equipes saíram por toda a América Latina ungindo os países com azeite e enterrando papeis com promessas de redenção aos povos. É um ato bonito, mas sem o apoio bíblico, porque Jesus não comissionou seus discípulos a irem pelo mundo ungir as nações; nem vemos os apóstolos viajando ungindo os povos.
O Espírito Santo nada deixou registrado quanto a isto no Novo Testamento para que a igreja não se agarrasse a essas práticas. Ele mandou pregar o evangelho e a fazer discípulos de todas as nações. Viajar de carro com garrafões de óleo pingando lentamente pelas estradas é mais fácil do que parar na praça de uma cidade e anunciar o evangelho de Jesus Cristo. Quando se prega o evangelho confrontam-se as trevas e os poderes demoníacos; mas, quando apenas se unge com óleo, mostra-se apenas a intenção de se possuir a terra. Não seria melhor andar pela terra, cumprindo a ordem de que “onde pisar a planta de teu pé será tua?”. Mesmo assim, a missão não estaria completa sem a pregação do evangelho. Abraão teve que percorrer a terra toda como garantia de que Deus a daria aos seus descendentes (Gn 13.17). A posse da terra só seria definitiva se Josué conquistasse toda a terra, por isso Deus lhe disse: “Todo lugar que pisar a planta do vosso pé, vo-lo tenho dado, como eu prometi a Moisés” (Js 1.3).
Uma cidade só é conquistada quando alguém se dispõe a viver e a pregar o evangelho iniciando ali uma igreja. É a presença da igreja que muda a sociedade e não um frasco de óleo.
João A. de SouzaFonte: Artigo publicado no site "vida acadêmica"Obs.: A questão do ítem 5 citado acima, sobre Paulo distribuir lenços para os enfermos:
Respeitando o autor do artigo, gostaria de colocar que a interpretação desta passagem de Atos 19, na minha opinião, não podemos afirmar que o próprio apóstolo Paulo determinou que iria ser enviado ao povo lenços de seu uso pessoal. Pois analisanto o texto, o mesmo não deixa claro se foi Paulo que determinou ou foi as pessoas que estavam presentes com o mesmo na escola de Tirano que pegavam os lenços e levavam para os enfermos. O importante é frisar que, independente do que ocorreu, Deus, pela sua misericórdia, curou os enfermos através daquelas peças. Porém, como o autor do artigo acima citou, jamais podemos estabelecer uma "doutrina" em cima deste fato..